sexta-feira, 16 de setembro de 2011

A Ead e o papel do tutor

Na última década, a educação a distancia vem ganhando espaço bastante expressivo como modalidade de ensino. O decreto 5.622 de 19 de dezembro de 2005 em seu artigo !º caracteriza a educação a distância como:

modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos.

Assim, a modalidade é entendida como uma forma de ensino que possibilita a aprendizagem por meio de diferentes suportes de informação (computador, vídeo, material impresso), proporcionando ao aluno a autoaprendizagem e, consequentemente, o desenvolvimento da autonomia.
O avanço tecnológico tem provocado esse crescimento. A disseminação do uso do computador bem como o acesso a internet estão “possibilitando mudanças na forma de produzir, armazenar e disseminar a informação” (BARROS, 2009, p. 4). Nesse sentido, torna-se necessário também um novo olhar para o processo de ensino e aprendizagem no sentido de redirecionar  o papel dos envolvidos, ou seja,  educador e educandos.
           
Ações do tutor num ambiente interativo de aprendizagem

Segundo Carvalho e Struchiner, “interatividade, envolve um relacionamento entre pessoas de experiências diversas, entre ferramentas e atividades culturalmente organizadas”. Ou seja, no caso da educação a distância abrange a ligação entre professor tutor e os seus alunos, bem como entre os alunos, tendo como meio as diversas ferramentas disponibilizadas para estabelecer o contato (email, chats, fórum, etc).
No entanto, a banalização do conceito de interatividade, segundo Medeiros et al (s/d), levou a considerar qualquer sistema de escolha simples como interativo. Assim, no processo de ensino-aprendizagem a distancia ou presencial um elemento fundamental é pensar na qualidade dessa interatividade.
Desse modo evidencia-se a necessidade de desenvolver a autonomia do aluno da EAD tendo como suporte um sistema de tutoria eficiente. Mas, para atingir esse objetivo torna-se central que o ambiente interativo seja pensado com diferentes recursos e estratégias pedagógicas, dentre elas o autor destaca:
- menu de opções
-via de comunicação e feedback com possibilidade de dialogo (bidirecionalidade)
- coautoria;
- publicação.
Diante das muitas funções do tutor na educação a distancia, um aspecto indispensável é, “[...] certamente, o compromisso com a aprendizagem autônoma e interativa” (MEDEIROS et al), ou seja, o tutor ajuda o aluno no processo de construir estratégias próprias de aprendizagem. Por isso, o primeiro passo do tutor é conhecer os alunos com quem vai lidar. Como? Por meio da comunicação estabelecida entre tutor e alunos. Saber qual a formação inicial, interesses e expectativas destes alunos é um ponto importante, já que ajudará o tutor a pensar em propostas de atividades, tipo de contatos (email, fórum, chat) que serão melhor aproveitados, além de incentivar o aluno a desenvolver sua autonomia, algo difícil para aqueles vindos do ensino tradicional onde exerciam o papel de meros reprodutores do saber.
Para a interatividade com qualidade é imprescindível a construção de relações interpessoais significativas entre prof/alunos e alunos/alunos. Nesse sentido, no caso da educação a distancia, “o tutor é o elo entre os alunos e será ele o responsável pela criação de um ambiente acolhedor, confortável e propicio a aprendizagem” (MEDEIROS et al).
Portanto, torna-se essencial que o tutor conheça as teorias de Piaget, Vygotsky e Wallon, pois embora esses não tenham analisado especificamente a educação a distancia, discutem aspectos essenciais a qualquer processo educacional: a interação e a afetividade.
Vygostky defende que o desenvolvimento está alicerçado sobre o plano das interações. Ou seja, aprendemos durante toda a vida no processo de trocar conhecimentos com outras pessoas.  Ensinamos e somos ensinados a todo o momento.
E não há como o tutor se fazer presente sem interagir: incentivar com palavras, com bons textos, com vídeos, utilizar emals e chats para a troca, respondendo perguntas com rapidez e tecendo comentários individuais aos alunos (MEDEIROS et al). Assim, começamos a desenvolver laços afetivos e como discute Wallon, “[...] inteligência e afetividade estão integradas: a evolução da afetividade depende das construções realizadas no plano da inteligência, assim como a evolução da inteligência depende das construções afetivas” (ARANTES).  Ou seja, sem essa ligação entre razão e emoção o processo de aprendizagem é consideravelmente comprometido.
Nesse sentido, o tutor tem papel central como aquele que deve ajudar os demais a usufruírem das vantagens do ambiente; discute conhecimentos teóricos, e muitas vezes, incentiva os alunos, por meio das diferentes ferramentas de ensino. Cabe ao tutor ainda proporcionar interações entre os alunos, por meio de chats, fórum e trabalhos em grupos a fim de que outras trocas aconteçam, proporcionando assim uma aprendizagem colaborativa.
Assim, “em um ambiente interativo, o tutor precisa se posicionar como mais um elemento de interatividade, o mais inteligente e sensível elemento” (MEDEIROS et al). Desta forma, o tutor ultrapassa a visão meramente técnica e torna-se aquele que coordena, questiona, problematiza, media, sugere, instiga (LEAL, s/d), ou seja, exerce o papel de professor mediador que tem como foco o desenvolvimento integral de seu aluno.
Nesse processo de estimular a comunicação entre os envolvidos e orientá-los nas discussões teóricas o professor tutor a distancia ajuda o aluno a desenvolver atitudes indispensáveis ao processo de aprendizagem, dentre elas, destaca-se a autonomia.
Autonomia é a

capacidade que o aluno possui em autodeterminar-se, escolher, apropriar-se e reconstruir o conhecimento produzido culturalmente em função de suas necessidades e interesses. Caracteriza-se pela responsabilização, auto-determinação, decisão, auto-avaliação e compromissos a partir da reflexão de suas próprias experiências e vivências (CARVALHO E STRUCHINER).

Portanto, tornar-se autônomo envolve o desenvolvimento de diferentes atitudes que interligadas culminarão em um aluno comprometido com o seu processo de aprendizagem, ou seja, que busca novos informações e conhecimentos, reflete sobre elas e autoavalia-se.
No entanto, os alunos precisam de ajuda para tal, sendo necessário a orientação do tutor, a fim de mostrar a eles “[...] como encontrar caminhos que lhes permitam, por seus próprios meios, superar obstáculos e resolver seus problemas” (MEDEIROS et al). Pois, segundo Medeiros et al incorre-se no erro de confundir esta autonomia com individualismo. Os envolvidos (tutor e alunos) precisam saber diferenciar essa situação e analisar a importância da troca de informações entre os pares, já que todos tem algo a transmitir.
Assim, evidencia-se que a qualidade da relação entre os participantes é ponto central para o bom encaminhando do processo de ensino e aprendizagem. No caso especifico da autonomia será o conhecimento do tutor quanto a seus alunos que possibilitará a promoção dos melhores meios para desenvolvê-la. 

Considerações Finais

A educação a distancia redefine desta forma as relações de ensino-aprendizagem, de aluno-aluno e aluno-professor, tornando a capacitação de recursos humanos para a colocação de novas posturas como algo central nesse processo de mudanças. E como bem destacado por Arantes, tudo isso é “uma nova e difícil empreitada, que exige coragem para enfrentarmos o desafio posto: buscar novas teorias e abrir mão de verdades há muito estabelecidas em nossa mente.”. Pois, se mantivermos o olhar tradicional sobre o processo educacional criaremos certamente uma “pedagogia neotecnista”, em que a tecnologia será usada apenas como tecnica para cumprir objetivos pré-estabelecidos, sem desenvolver alunos críticos e pensantes! 

Referências

ARANTES, Valéria Amorin. Afetividade e Cognição: Rompendo a Dicotomia na educação. Disponível em: http://www.hottopos.com/videtur23/valeria.htm. Acesso em: 04 nov 2010.

BRASIL. Decreto 5.622. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Decreto/D5622.htm. Acesso em 28 nov 2010.

CARVALHO, Maria Alice Pessanha de; STRUCHINER, Miriam. Um Ambiente Construtivista de Aprendizagem a Distância: Estudo da Interatividade, da Cooperação e da Autonomia em um Curso de Gestão Descentralizada de Recursos Humanos em Saúde. Disponível em: http://www2.abed.org.br/visualizaDocumento.asp?Documento_ID=87 . Acesso em: 15 nov 2010.


LEAL, R. B. A importância do tutor no processo de aprendizagem a distância. Disponível em: http://www.rieoei.org/deloslectores/947Barros.PDF. Acesso em: 22 out 2010.

MEDEIROS, L. et al. Sistemas de tutoria em cursos a distância. Disponível em: http://www.lanteuff.org/moodle/file.php/285/texto_base_tutoria_pigead3.pdf. Acesso em: 22 out 2010.




NOVOS DESAFIOS A CADA DIA...

Um novo desafio surgiu e diante dele novas descobertas e, principalmente, aprendizagens! Sou agora aluna da pós-graduação em Metodologia e Gestão em Educação a distância da Universidade Anhanguera-Uniderp.
A primeira disciplina: A educação a distância no Brasil e no Mundo apresentou o seguinte desafio de aprendizagem: pesquisar na internet e participar de dois blogs que tratem de temas relacionados à Educação a Distância. E depois, criar um blog e postar um texto relatando a minha experiência. Ou seja, esse é o meu novo desafio...
Sou professora tutora presencial em Ead e tenho o costume de ler materiais sobre o assunto, mas nunca havia me preocupado em pesquisar blogs sobre Ead e posso dizer que fiquei impressionado com a pouca quantidade de blogs que discutam exclusivamente essa modalidade de ensino.
Conheci e indico o blog: http://www.educacaoadistancia.blog.br, pois apresenta muitas reportagens e artigos atualizados sobre o tema. Pude confirmar  o crescimento da Ead por meio das reportagens - fato esse que observo a cada dia no polo em que trabalho -  e compartilhar comentários, já que são muitos os seguidores.
Conheci também o blog: http://porsimonemedeiros.blogspot.com. Esse não apresenta reportagens apenas sobre Edcuação a distancia mas é muito enriquecedor, com posts atualizados e comentarios de muitos seguidores.
A participação nos blogs ajudou-me a relacionar os contéudos estudados na disciplina com a realidade da Ead, evidenciando que ela cresce num percentual assustador e, como profissionais desse meio, precisamos nos capacitar na mesma velocidade, tendo em vista que o primar pela qualidade dessa modalidade de ensino.
Sendo assim, vamos adiante pois novos conhecimentos nos esperam!!!!!